ANGELO ROBERTO PESCARA
( São Paulo, Brasil )
Nasceu em São Manuel, SP, em 1940.
Técnico em Contabilidade. Funcionário do Banco do Brasil de São Paulo, desde 1965.
Iniciou sua carreira literária m 1957 quando organizou, na Radio Clube de São Manuel, programas de poesia e rádio-teatro.
Falecimento; no dia 21 de março de 2014.
MULTIPLICANTO – POESIA BRASILEIRA HOJE – 3 COLETÂNEA
Capa: Durval Guimarães – Conselho Editorial – Reginaldo Dutra
— Guido Fidelis São Paulo: Editora Soma, 1980 116 p.
Ex. bibl. Antonio Miranda
IMPACTO
“Faze parar, ó Imutável, o nosso carro no meio
do espaço, entre estes dois exércitos opostos!”
(Bhagavad-Gita — I-21)
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No emaranhado do labor insano
Perco-me às vezes, a lutar, contudo.
E é tanto que me embrenho quedo e mudo
Que deixo inconsciente o meu arcano.
Eis-me assim, exposto, peito aberto,
Movendo em disparada a máquina revolta.
Esteja ou não errado ou certo
É necessário dominar a fera solta.
E, de repente, o caos conturba a lida
E todas as batalhas se arrefecem.
Do alto, estardalhando, clangores descem
Num turbilhão esplêndido, indizível.
Pára então, no espaço, o carro do Invencível
E da mazela se abstém a parca vida.
TARDE
A tarde de outono, enevoada,
Caindo vai lacônica e cinzenta.
Raros pássaros se põem em retirada,
Em busca do horizonte que se ausenta.
Parcos raios de um sol pálido e frio
Tentam mesclar a névoa amarelada.
Tudo ao redor lembra palor, desvio,
Pouca esperança de ir além do nada.
Mórbida catarse cresce a cada canto,
Tornando um resto de alegria em pranto
E em pesadelo os devaneios de quem sonha.
Pela névoa, uma dúvida silente arde:
Se é mesmo a tarde que é assim tristonha,
Ou se é a tristeza que entristece a tarde.
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Página publicada em novembro de 2021
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